segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Voltando ao trabalho

Depois de um longo período de férias e outro longo período de greve, nos quais não realizei praticamente nada para adiantar a pesquisa, semana passada finalmente retomei as conversas com o professor Cleber.
Nos encontraremos às quartas-feiras e a cada encontro definiremos o que precisa ser realizado.

Para o próximo encontro eu devo levar um conceito de não-violência mais ou menos delineado e textos que o embasem. Para me ajudar na pesquisa o professor me emprestou dois livros:

ISHAY, Micheline R.(org.). Direitos Humanos: Uma Antologia : Principais escritos políticos, ensaios e documentos desde a Bíblia até o presente. São Paulo, EDUSP, 2006.

SOUZA, Luiz Alberto Gómez de. A JUC: Os estudantes católicos e a política. Petrópolis, Editora Vozes, 1984.


O primeiro livro tem excertos de obras relevantes para a luta pelos direitos humanos. Na Parte VI, intitulada "Como realizar os direitos humanos?" há 4 textos de Gandhi que podem servir no embasamento teórico.

Já o segundo texto possui em seu primeiro capítulo uma interessante análise sobre os movimentos sociais católicos em meados do século XX que pode ser de grande utilidade.

Além destes textos o professor sugeriu a leitura dos textos de Jorge Ferreira sobre Jango e os primeiros anos da ditadura. Procurando na internet encontrei dois possíveis textos, uma coleção em 4 volumes organizada por ele, de nome O Brasil Republicano e uma biografia de João Goulart.

domingo, 29 de abril de 2012

Uma crítica a ser respondida

"Aqueles que se propõem educar adultos, o que realmente pretendem é agir
como seus guardiões e afastá-los da atividade política. Como não é possível educar adultos, a palavra «educação» tem uma ressonância perversa em política — há uma pretensão de educação quando, afinal, o propósito real é a
coerção sem uso da força."

Hannah Arendt in "A Crise da Educação"

domingo, 22 de janeiro de 2012

Um golpe de sorte

No final de dezembro descobri que a mulher de um colega de trabalho, por trabalhar no judiciário de Cajamar, possuia dois livros que tem textos pertinentes ao meu trabalho.

O primeiro deles é "Cajamar: Cidades de Lutas e Conquistas", lançado pelo Museu Municipal Casa da Memória em 2008.

O segundo é "Câmara Municipal de Cajamar: Trajetórias e Lutas", editado em 2006 à pedido da câmara municipal.

Este último não tem muita informação, cita o movimento dos Queixadas an passant.

Já o primeiro possui uma compilação de entrevistas, fotos e explicações sobre o conflito, ricamente ilustrado.

Na apresentação há a menção ao Mutirão da Memória, iniciado em 2003, com o colhimento de depoimentos e documentos dos moradores sobre a história da cidade, que em 2006 foram utilizados para montar o acervo do Museu Municipal Casa da Memória.

Há uma boa biografia sobre o Pe. Bianchi, sobre o dr. Mário Carvalho de Jesus e sobre Adballa.


FERREIRA, JOSÉ ABÍLIO(ORG). Cajamar: Cidade de Lutas e Conquistas. São Paulo: Editora Noovha América, 2008. ISBN 978-85-7673-134-4.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Metodologia

Ainda estou decidindo qual metodologia usar. Como estou na fase de revisão bibliográfica tenho encontrado referências sobre alguns panfletos e materiais produzidos pelo Sindicato na época da greve e a teses sobre
movimentos sociais formados pelos descendentes dos Queixadas que eram atuantes nos anos 80 e 90 e 2000 em Perus.

Quando começar a visitar as bibliotecas e puder ler estes documentos e teses, saberei se vale a pena usar metodologias de trabalho documentalista, ou com idas à campo para observar se há algum resquício da firmeza-permanente em Perus e Cajamar.

No entanto, até o presente momento a metodologia de trabalho será a contextualização da luta dos Queixadas, seus concorrentes e aliados; a contextualização da situação política e social mais global e qual a estrutura de oportunidade política(EOP); e uma contextualização do interior do próprio movimento dos Queixadas. Com este estudo pretendo observar qual o ponto de partida da ação, o quanto a não-violência já era praticada

Antes disso precisarei compilar um conceito de não-violência com base no texto das lideranças dos próprios Queixadas, complementando com outras fontes relevantes.

Em um segundo momento passarei a uma análise processual com um foco mais objetivo. Ordenando os diversos eventos no tempo tentarei encontrar os elementos que indiquem a presença de um pensamento e de uma ação comprometidas com uma ética ou uma estratégia não-violenta, observarei também as mudanças da EOP e se elas podem ter condicionado ou reduzido as opções de ação e também discriminarei as práticas formativas promovidas pelo Sindicato e seus parceiros.

Em um terceiro momento passarei a uma análise dos valores das lideranças através da análise de suas trajetórias e de suas reflexões. Além disso vou mapear a construção da identidade dos Queixadas. O objetivo será sempre perceber como tais elementos influenciaram na formulação da firmeza-permanente, a não-violência dos Queixadas.

Título e Objetivos

Título

Os Queixadas e a firmeza-permanente: um estudo sobre o aprendizado da não-violência.

Objetivos

  1. Avaliar a extensão do aprendizado da não-violência pelos Queixadas e suas lideranças;
  2. Compor um repertório com as práticas que contribuíram para o ensino e o aprendizado da não-violência;
  3. Contextualizar tais práticas para encontrar os elementos exclusivos àquele momento histórico e àquela comunidade específica, para futuramente poder fazer um estudo comparativo com outras lutas e encontrar padrões que orientem o trabalho de outros movimentos sociais que se interessem por este tipo de luta.

Formulação das Hipóteses

A primeira hipótese é que a estrutura de oportunidades políticas contribuiu para a adoção de práticas não-violentas. Na década de 60, em meio à guerra fria, amplos setores da Igreja Católica rechaçavam o comunismo. Por conta disso a FNT buscava uma terceira via de ação, que se opusesse tanto à revolução violenta quanto à violência econômica do capitalismo, porém, tal escolha foi guiada pelos próprios valores das lideranças. Mário Carvalho de Jesus, o advogado, se formou na JUC, era militante de um movimento criado pelo Padre Lebret e nutria a crença na solidariedade e na doutrina social da igreja.

A segunda hipótese a ser verificada é que a não-violência foi uma opção da liderança que dissuadiu os operários a utilizarem outras estratégias.

A terceira hipótese é que houve um amadurecimento da prática não-violenta ao longo da mobilização, no iníciou havia um vínculo entre o discurso da doutrina social da igreja e as estratégias de luta jurídica e política e era buscado demonstrar aos operários que eles poderiam fazer greve para pressionar seu patrão, porém, conforme a estrutura de oportunidades políticas foi mudando, primeiro em 1962 com o governo voltando as costas para os Queixadas e os 1200 grevistas sendo demitidos e depois em 1964 com a ditadura, ações alternativas tais como jejuns e acampamentos passaram a ser utilizadas e em 1967 Hildegar Goss-Mayr, uma ativista internacional, demonstrou que a prática deles era não-violenta e as lideranças passaram a se reconhecer como tal e a refletir sobre o assunto, adotando o discurso não-violento frente ao discurso anterior, que após o início da ditadura passou a ser questionado pelos seus praticantes.

A quarta hipótese é que desde a década de 50 as lideranças adotaram uma postura de educar os operários, utilizando pequenas ações para demonstrar que uma prática era efetiva, ajudando a envolver mais pessoas na luta e conforme a luta se ampliava e a liderança se tornava mais respeitada, suas reflexões públicas sobre o porquê não usar a violência passaram a ter mais peso.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Delimitação do Problema

A pretensão desta pesquisa é investigar como ocorreu a aplicação da Firmeza Permanente na luta dos queixadas e se ela foi efetiva, dando uma especial atenção às estratégias de formação utilizadas pelas lideranças sindicais para difundir os valores e princípios da ação não-violenta.

Porém, não consegui delimitar o problema com apenas uma pergunta, tenho uma série de dúvidas que agrupei em dois pontos principais:

A primeira questão é sobre o aprendizado. Compreendendo o "ser não violento" em duas dimensões: a ética dos indivíduos/instituição e a estratégia de luta coletiva, qual a profundidade do aprendizado dos Queixadas sobre a não-violência?

A segunda questão condiz ao ensino/formação. Quais as práticas e estratégias sindicais que contribuíram para a formação dos operários? Elas foram influenciadas pela estrutura de oportunidades política? Pela bagagem e valores das lideranças e dos operários?

Com isto pretendo averiguar se o que ocorreu entre os Queixadas pode ser entendido como não-violência e caso sim, resgatar as práticas que contribuíram para a formação destes valores, sempre observando que no sindicato e na fábrica a educação não é um processo diferenciado tal como em uma escola e portanto pode estar integrado às práticas mais diversas.