quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Formulação das Hipóteses

A primeira hipótese é que a estrutura de oportunidades políticas contribuiu para a adoção de práticas não-violentas. Na década de 60, em meio à guerra fria, amplos setores da Igreja Católica rechaçavam o comunismo. Por conta disso a FNT buscava uma terceira via de ação, que se opusesse tanto à revolução violenta quanto à violência econômica do capitalismo, porém, tal escolha foi guiada pelos próprios valores das lideranças. Mário Carvalho de Jesus, o advogado, se formou na JUC, era militante de um movimento criado pelo Padre Lebret e nutria a crença na solidariedade e na doutrina social da igreja.

A segunda hipótese a ser verificada é que a não-violência foi uma opção da liderança que dissuadiu os operários a utilizarem outras estratégias.

A terceira hipótese é que houve um amadurecimento da prática não-violenta ao longo da mobilização, no iníciou havia um vínculo entre o discurso da doutrina social da igreja e as estratégias de luta jurídica e política e era buscado demonstrar aos operários que eles poderiam fazer greve para pressionar seu patrão, porém, conforme a estrutura de oportunidades políticas foi mudando, primeiro em 1962 com o governo voltando as costas para os Queixadas e os 1200 grevistas sendo demitidos e depois em 1964 com a ditadura, ações alternativas tais como jejuns e acampamentos passaram a ser utilizadas e em 1967 Hildegar Goss-Mayr, uma ativista internacional, demonstrou que a prática deles era não-violenta e as lideranças passaram a se reconhecer como tal e a refletir sobre o assunto, adotando o discurso não-violento frente ao discurso anterior, que após o início da ditadura passou a ser questionado pelos seus praticantes.

A quarta hipótese é que desde a década de 50 as lideranças adotaram uma postura de educar os operários, utilizando pequenas ações para demonstrar que uma prática era efetiva, ajudando a envolver mais pessoas na luta e conforme a luta se ampliava e a liderança se tornava mais respeitada, suas reflexões públicas sobre o porquê não usar a violência passaram a ter mais peso.

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